domingo, 15 de junho de 2014

Lado a Lado - Capítulo 18

(...)


Quando chegamos em casa o cheiro de ameixas e calda de abacaxi que estava sendo jogada em cima do peru estava tomando o ar, aquilo me fez lembrar das ceias de natal que passava com meus pais, mamãe fazia exatamente como vovó faz a ceia de natal, era incrível como o gosto tudo era mágico e fazia-me delirar entre meus sonhos natalinos.
- É incrível esse cheiro! - disse Lucas tirando o casaco.
- Vovó ataca novamente. - digo rindo.
Seguimos até a cozinha onde o cheiro era mais forte e onde Asha e vovó estavam mergulhadas entre panelas e tigelas.
- Hello. - digo aparecendo na porta.
- Finalmente alguém apareceu pra ajudar! - disse Asha quase morrendo.
Sorri.
- Vovó explica minha situação. - disse.
- Katrina não pode, ela já é brasileira e já sabe fazer toda essa ceia... você precisa aprender querida! - disse vovó para Asha.
- Maldito inglês! - disse ela se referindo ao seu pai.
Todos rimos.
- Katrina a árvore chegou! - gritou Lucas da sala.
- Vou enfeitar a casa, okay? - digo batendo em retirada.
- Kat me empresta sua cidadania brasileira, please! - disse Asha.
Sorri enquanto segui para sala onde encontrei Lucas arrastando a árvore até o centro da sala.
- Onde vai colocar? - disse ele me olhando cansado.
Sorri.
- Cadê o maromba que eu conheci?
- Nesse frio, nem rola. - disse ele secando a testa.
- Vamos colocar ali naquele canto da sala. - digo indo em direção dele e da árvore.
- De jeito nenhum, senta ai e fica de boa. - disse ele me dando ordem.
- What? - digo perplexa.
- Isso mesmo, eu não vou deixar você fazer esforço- disse ele sério - você acabou de sair de uma cirurgia! - disse ele quase cochichando enquanto nós dois olhávamos para a cozinha para se certificar que vovó não havia escutado.
- Machismo a essa hora Lucas? - digo brava
- Não é machismo - disse ele se aproximando de mim - é amor. 
E ele me beijou.
- É assim vocês arrumam a decoração? - disse Asha nos encarando.
Nos soltamos rapidamente e começamos a sorrir envergonhados. Asha nem ninguém havia visto nós nos beijando, aliás esse foi o nosso segundo beijo e foi constrangedor saber que alguém viu mesmo sendo Asha que já sabia que acontecia alguma coisa.
- Sorry! - disse Lucas.
Eu apenas olhei pra Asha e sorri.
- Kat, me ajuda em uma coisa lá no quarto? - disse ela séria.
- Claro!
Seguimos até o quarto de Asha, sentei em sua cama enquanto ela se escorou na escrivania de seu notebook e cruzou os braços e ficou me encarando.
- O que foi? - digo confusa. 
- Eu preciso te dizer uma coisa mas eu ainda não sei o que fazer.
- Então diz.
- Eu encontrei uma foto de meu pai nas coisas da mama alguns anos atrás e foi por isso que  vim para Londres.
- É, isso eu sei.
- Então, eu acho que chegou a hora de eu ir atrás dele.
- E como você pensa fazer isso?
- Ele era marinheiro, provavelmente a marinha de Londres deve ceder pelo menos o endereço antigo dele.
- Mas sua mãe te disse que ele era de Londres?
- Não, ela me disse que seus pais eram de Brighton, provavelmente ele ainda possa estar por lá.
- Asha... - digo me levantando.
- Eu sei que você vai falar que ele pode estar casado, com três filhos ingleses e vivendo feliz em um trabalho meia tigela que ele nem deve gostar tanto assim , mas é feliz por ter uma família, eu sei de tudo isso, mas eu quero tentar Katrina, eu quero conhecer meu pai.
- Eu vou com você! - digo.
- Não, ficou maluca? - disse ela franzino as sobrancelhas.
- Vocês precisam parar de me tratar como um cristal prestes a cair da mesa, eu estou bem caramba!
Asha continuou em silêncio.
- Eu vou com você e acabou, aliás o Lucas e eu vamos com você até Brighton ele havia me prometido me levar até a praia mesmo.
- Duas lebres numa cajadada só! - disse Asha sorrindo.
- Bersama¹?
- Selalu Bersama²! - Respondeu ela sorrindo enquanto me abraçava.
Depois voltamos para a sala onde Lucas estava já com os enfeites jogados pela sala e apanhando do pisca-pisca.
- Me ajuda? - disse ele quase pedindo socorro.
- Me da isso - peguei o pisca-pisca enquanto ria - já colocou a árvore no lugar?
- Já, ali não é? - disse ele ofegante.

- Ali? claro que não, Lucas!!! - digo com cara de assustada.
- Você tá de zoeira comigo? - diz ele confuso.
- Eu falei pra você colocar ali - digo apontando para o lado oposto da sala.
- Katrina, você pediu pra colocar aqui. - disse ele ficando irritado.
- Hei  - digo me levantando e abraçando ele - é brincadeirinha! - digo em seu ouvido.
Ele começa a rir e me levanta pela cintura.
- Você é zoeira never end! - disse ele me sentando novamente no sofá.
- Eu gosto te ver irritado, você fica com cara de mau. - digo sorrindo.
- Ah é? você gosta de me ver com cara de mau?
- Uhum. - digo.
Ele pegou meus punhos e prensou contra o estofado do sofá e ficou a cinco milímetros longe de mim me provocando e quando eu avançava para cima dele, ele se retraia sorrindo. Aquilo me provocava de mais, os olhos dele no meus, a força mediana em meus punhos contra o sofá, o cheio de suor dele e a respiração ofegante perto da minha me deixava com os sentidos a flor da pele mesmo assim ele não saía de cima de mim ou me beijava de vez ele fazia questão de ficar ali naquele jogo de tentações.
- Para, isso é maldade. - digo por fim quase pedindo arrego.
- Você não gosta de me ver com cara de mau? - disse ele perto de meu rosto.
- Okay, fui uma menina má e entendi o recado, agora me beija. - digo rindo.
- Não. - disse ele com uma voz sedutora e serena.
- Vem cá... - digo me desprendendo dele e o agarrando.
Ele segurou minha nuca enquanto eu o beijava com seu corpo contra o meu. Naquele momento eu não estava nem aí se vovó e Asha visse aquela cena, poderia entrar o Barack Obama, o Papa, o embaixador da paz naquela sala, nada seria mais importante quanto sentir sentir aqueles lábios tocarem os meus e suas mãos percorrem o meu corpo. Mas Lucas estava.
- Okay okay, respira... respira...  - disse ele se levantando de cima de mim e sentando - Ai meu Deus, que calor...
Comecei a rir.
- Tira a camisa. - sugeri.
- Pra que? pra você ficar me assediando? nem pesar, taradona! - disse ele rindo.
- Oh, shit! - digo sorrindo.
- Meu deus, é muito calor... - disse ele se levantando e indo em direção a sacada repleta de neve.
Comecei a rir sozinha enquanto me levantava para começar a enfeitar a árvore. Lucas ficou por cerca de vinte minutos em pé na sacada olhando pra cidade esbranquiçada por conta da neve e depois entrou novamente quando eu já havia terminado de enfeitar a árvore.
- Estás caliente ainda mutchatcho? - digo com sotaque latino-americano.
- Nem brinca com isso. - disse ele sentando no sofá.
Sorri.
- Desculpa por não ter te ajudado a enfeitar a árvore. - disse ele om neve nos cabelos.
- Não tem problema - sorri - eu dei conta de tudo sozinha.
- Olha que menina prodígio! - debochou.
Caminhei em sua direção e limpei a neve de seu cabelo enquanto ele me olhava.
- Que foi? - digo sorrindo.
- Eu tenho muita sorte. - disse ele hipnotizado.
- Why? - digo confusa.
- Você é muito linda.
Comecei a sorrir envergonhada.
As pessoas não tinham hábitos de elogiar minha pessoa física e sim meu talento e facilidade de aprender, mas nunca minha beleza, principalmente quando estou me recuperando de uma cirurgia, inchada por causa das quimioterapia e os remédios diários.
- Acho melhor você me ajudar a colocar a estrela no topo da árvore. - digo me afastando.
Ele se levantou e colocou a estrela no topo da árvore e depois me deu um beijo na testa e saiu em direção ao corredor em silêncio. 
Logo depois de enfeitar toda a sala com sinos, laços vermelhos, toalhas de mesa temática, colocar a guirlanda na porta e na sacada segui para cozinha para ver como andava os preparativos da ceia.
- Como vão as coisas por aqui? - digo.
- Aprendi a fazer pãezinhos, olha Kat! - disse Asha me mostrando um pãozinho caseiro toda contente.
Comecei a rir.
- Agora só falta saber a sambar para ser uma brasileira nata. - digo.
- Nem você sabe. - disse Asha.
- Como não? Olha aqui...
Ensaiei alguns passinhos de samba enquanto vovó batia palma, mas logo parei porque meus pulmões não aguentam muito esforço e comecei a ficar ofegante.
- Tô fora de forma. - digo para despistar vovó.
Me sentei na beira da mesa e Asha me trouxe um copo de água.
- Está tudo bem? - disse ela me olhando séria.
- Estou ótima. - digo sorrindo. - precisam de ajuda?
- Não querida, já terminamos apenas falta o peru terminar de assar que é daqui só quarenta minutos e os pães logo em seguida. - disse ela conferindo.
- Como se saiu Asha? - digo.
- Aos trancos e barrancos ela conseguiu fazer tudo certinho! - disso vovó.
- What? - disse Asha abismada.
Comecei a rir.
- Tudo bem então se eu for me aprontar?
- Claro, pode ir querida. - disse vovó.
- Asha depois me ajuda? - digo me levantando.
- Claro, precisamos analisar bem seu armário hoje é um dia especial.
Segui até meu quarto onde separei algumas peças de roupas em cima da cama caso Asha chegasse no quarto antes que eu saísse do banho depois fui até o banheiro. Liguei o chuveiro que começou a cair água quente e o banheiro se encheu de vapor, tirei a roupa e fiquei me encarando de frente para o espelho. Meu corpo era tão frágil e agora estava repleto de marcas da minha luta e a cicatriz da cirurgia estava cicatrizada, mesmo assim me sentia aberta para o mundo, algo com qual eu não podia lutar. Depois entrei no chuveiro a água corria pelo meu corpo e pelos meus cabelos que se desprendiam em grande quantidade e isso acontecia todas as vezes que penteava o cabelo. Depois do banho voltei para o meu quarto onde encontrei Asha analisando minhas roupas.
- Kat, quanto tempo você não compra roupa? - disse Asha sem tirar os olhos do armário.
- Sei lá, talvez uns dois meses.
- Percebi.
Ela mexeu no meu armário inteiro até encontrar alguns vestidos de gala que eu usava nas apresentações de piano.
- Oh my god, olha esses vestidos... - disse ela carregando todos eles para fora.
- Nem me lembrava mais deles. - admiti.
- Que tal esse vestido? olha que bárbaro...
- Mostra de mais a lateral, minhas costelas não estão como antigamente. - digo.
- Okay... então esse vestido?
Apenas franzi o nariz e sacudi a cabeça negativamente.
- Esse?
Analisei aquele vestido vermelho rendado por alguns minutos e depois concordei.
- Maquiagem marcada e boca também. - disse ela.
- Vou me vestir, espere um minuto.
Me troquei rapidamente e voltei para que Asha me maquiasse, ela mandava bem nisso melhor que eu. Depois da maquiagem ela começou a passar a mão no meu cabelo que praticamente se desfazia nas mãos dela, ela me olhava com um olhar que eu julguei primeiramente como de pena.
- Eu não sei mais o que fazer. - digo me encarando no espelho.
- Ele já está cheio de falhas, kat. - disse ela me olhando pelo espelho.
- O que eu vou fazer pra vovó não perceber?
- Eu vou dar um jeito hoje, mas você precisa contar logo pra ela seu cabelo está com os dias contados e você sabe disso. - disse ela.
- Eu sei... eu sei. - repito a mim mesma me encarando no espelho.
Depois de alguns minutos, Asha havia refeito meu cabelo praticamente. Com as pontas que já estavam partidas ao meio ela enrolou como um espiral de uma volta só fazendo a espece de uma corda que passava em volta do coque cebola que ela havia montado perfeitamente.
- Você nasceu pra isso. - digo assustado com o resultado.
- Eu sei. - diz ela sorrindo para mim.
Logo depois Asha saiu do quarto para ela se aprontar para a ceia. Aquela noite era a primeira vez depois de toda a minha história com o câncer que eu me senti realmente bonita, Asha conseguia proporcionar isso as pessoas e não era ciente disso. Passei um pouco de perfume e depois segui para a sala onde encontrei Lucas, para minha surpresa com peças de roupas claras, sentado no sofá e ao sentir a minha presença olhou em direção a mim.

(Continua...)


Comentário da Autora:
Olá fanfiqueiras(os) tudo okay com vocês meus amores? desculpa ter sumido, é que tava treta esses dias. Espero que gostem do capítulo, coloquei um pitada de humor hoje nele pra sair um pouco daquela coisa meio melancólica. As roupas da Katrina e a do Lucas estão nos links embutidos nas palavras é só clicar que vau abrir a imagem. Ah uma coisa, seis sabiam que essa tendência de usar palavras estrangeiras nas narrativas ajudaram a pessoa a aprender a língua mais rápido? Pois é, vão ver que vocês estão falando horrores em inglês e não sabem. dnofadofaspgfopgd A pergunta de hoje é sobre o conhecimento de vcs.
Vou subir um comentário hoje, pode ser? Posso contar com vocês? blz.
9 Comentários para esse capítulo, tudo bem?
Beijinhus.
Grupo da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/groups/262325250613891


  • O que significa o "Bersama" e "Selalu Bersama" que Asha e Katrina disse uma a outra?




3 comentários:

  1. Oowwn Thay cada dia fico mais apaixonada por essa fic... To amando cada frase..casa palavra dela.. Ansiosa pro proximo capitulo!!!

    ResponderExcluir
  2. Selalu Bersama : sempre juntos o outro eu nao sei aaaaii thay to amando o fanfic cada dia mais e sempre que vc posta eu venho aqui pra encher seu saco cm seus comentarios des do primeiro kkkkk mas saiba q nao perco um capitulo pk adoro ler eles bjss ate o proximo capitulo

    ResponderExcluir