Lado a Lado - Capítulo 16

(...)


O almoço estava fluindo normalmente, vó Nina dando seus concelhos para Asha sobre como preparar um belo prato de comida tipicamente brasileira enquanto eu me perdia nos meu pensamentos ligado a minha perda de cabelo, Lucas estava sentado ao meu lado e percebeu minha inquietação e delicadamente senti seus dedos tocarem o minha mão e quando despertei de meu transe minha mão estava completamente envolvida pela do Lucas em baixo da mesa, dei-lhe uma olhada rápida e ele me olhava com um meio sorriso na boca e isso me confortou.
- Katrina... - disse vovó.
- Sim? - digo olhando assustada para ela.
- Você recebeu meu álbum?
- Recebi sim vovó e adorei, obrigada! - digo sorrindo.
- Que ótimo, colocou alguma foto nele já? - disse ela animada.
- Ainda não vovó, mas o que ganhei de mais importante em Londres está reunido nesta mesa, só analisar. - digo por fim - Ganhei uma família aqui, Stuart, Asha e o Lucas - digo olhando para ele enquanto apertava sua mão.
Vi os olhos de Asha ficarem marejados e o Stuart sorri.
- Minha menina cresceu. - disse vovó sorrindo.

Logo depois do almoço, vovó fez questão de me deixar sobre as novidades do Brasil e tudo de sua vida que não me contava nas cartas.
- Ah, preciso saber quando você volta para o Brasil meu amor - disse vovó.
Suspirei e me preparei para contradizer os desejos de vovó.
- Eu não se volto vovó, entenda a minha vida toda está aqui que tal a senhora vim morar aqui?
- Oh, não não minha queria, sua vó está velha de mais para abandonar sua velha casa e seus afazeres de vez.
- Velha a senhora? - disse Stuart.
- A senhora veio para outro país sem ajuda de ninguém e sem saber falar o idioma daqui. - disse Lucas.
- O que não é grande coisa né Lucas. - digo rindo.
- Okay, eu vim pra cá sem saber falar inglês mas eu sei me defender já a sua avó... - disse ele sorrindo.
- Querido, não duvide do poder da bengala de uma velha avó. - disse vovó batendo a mão rosto de Lucas.
Todos rimos.
- Mas porque você precisava saber quando eu voltaria vovó? - digo curiosa.
- Você primeiro precisa me prometer que não vai me dar um sermão. - disse ela como se os papéis tivessem invertidos, ela a neta e eu a avó.
- Vovó... - digo repreendendo-a
- Deixe sua avó falar. - disse Asha - diga dona Nina.
- Eu comprei uma casa na Praia pra você. - disse ela por fim.
- Vovó - digo exaltada - porque você fez isso? - digo.
- Kat, calma.. - disse Asha me lembrando da minha situação.
- Eu já estou no final da vida, já vivi o suficiente e você já é uma mulher formada mas ainda um menina que tem a vida toda pela frente e sei que você não vai voltar tão cedo para as suas raízes, mas um dia eu sei que você vai voltar e quando voltar quero que se lembre de sua velha avó. - disse ela meio tristonha.
- Ah vovó - digo abrando-a - eu não vou te esquecer nunca, nunca.
- Ah e trate de me dar bisnetos logo, já estou velha para esperar muito. - disse ela com tom de autoridade.
- Você não tem jeito, dona Valentina Prado. - digo rindo.
- A senhora vai ficar até quando? - perguntou Stuart.
- Até o ano novo, quero conhecer a virada do ano em Londres. - disse ela.
A tarde se estendeu que nenhum de nós percebemos, vovó preparou para nós o seu bolo de maracujá que Asha nem Stuart haviam experimentado ainda, os dois ficaram com vovó na cozinha enquanto eu e o Lucas ficamos na sala assistindo TV.
- Sua avó é uma peça. - disse Lucas.
- Ela sempre foi assim, já eu não fui uma boa neta. - digo
- Hei, você é uma ótima neta e pessoa. - disse ele me encarando.
- O Romeu não sou a Julieta. - digo irônica.
Ele sorriu.
Voltamos assistir TV e alguns minutos depois a campainha tocou sem que o interfone fosse anunciado, antes que eu ou o Lucas pudemos nos levantar quando Stuart já gritou da cozinha.
- Eu atendo!
Ele passou por trás do sofá e seguiu para a porta e abriu tapando a visão para poder quem era na porta, apenas ouvia as vozes que eram de dois homens e que conversavam em inglês, mas quando menos esperava escutei a o nome de Wendel ser falado pelo Stuart com a intonação estranha talvez medo ou desespero.
- Wendel? o que tem ele? - digo me levantando e olhando para a porta.
Lucas se levantou logo em segui e ficou de prontidão atrás de mim. Na porta avistei um homem moreno talvez o amigo que Wendel descrevia para Asha por parecer bem mais jovem do que o exercito aceitaria e ele me olhava com um olhar tristonho e com uma caixa branca nas mãos, Stuart estava parado encostado na porta de cabeça baixa e parecia começar a chorar, ele me olhou já com os olhos prontos para transbordarem quando Asha e vovó apareceram na sala também.
- Me falem o que tem o Wendel? ele está bem? - digo amedrontada com aquela situação.
- Você é Katrina? - disse o homem na porta com o sotaque americano puxado.
- Sou eu sim e você que é?
- Sou Ben, amigo e companheiro de tropa do Wendel - disse ele entrando e vindo em minha direção. - eramos da infantaria americana e Wendel nos informou esse endereço e seu nome para que possamos ter contado caso...
- Caso o que? me diga rápido... - disse já apavorada.
- Katrina, calma. - disse Lucas segurando minha cintura.
Ben me olhou mais uma vez e depois desviou o olhar para a caixa branca que tinha uma etiqueta escrito " Wendel John Portmann / 21-12 " a mão e logo em seguida me entregou a caixa, eu estava confusa e todos se permaneciam em silêncio enquanto eu abria a caixa que me revelava a farda de Wendel com suas patentes, incluindo a recente da infantaria, sua identificação como "Major Portmann" e um cartão do exército americano desejando pêsames aos familiares.
- Eu sinto muito. - disse Ben.
Eu demorei um pouco para entender que nas minhas mãos estavam a farda do primeiro homem que havia amado e que havia morrido por lutar por sua pátria em uma guerra que não lhe dava ao respeito, estava com a roupa que ele mais se orgulhava de usar e com as frases que ele dissera antes de partir.
Ben saiu do apartamento sem se despedir, Stuart fechou a porta e veio direto me abraçar. Ele soluçava enquanto chorava em meus braços, eu chorava tanto quanto ele, eu havia perdido o namorado e ele havia perdido o primo e amigo. Eu tentava me manter calma para que eu não sofresse outra pane bem na frente de vovó, mas chorar e solução era quase impossível de parar, Lucas me abraçou enquanto molhava sua camisa.
- Ele prometeu que voltaria. - digo entre soluços.
- Calma meu anjo. - dizia Lucas.
Percebi que todos ali estavam choram, includo vovó, Lucas me sentou no sofá junto com Stuart, estávamos inconsoláveis.


Estava em meu quarto com a noite já estampada no céu tentando entender porque mais uma pessoa que eu amava estava sendo arrancada de mim mais uma vez, quando Lucas entrou silenciosamente e se sentou ao meu lado na cama.
- Você está melhor? - disse ele passando a mão em meu cabelo.
- Se se sentir que seu coração foi arrancado com um punhal quer dizer que eu esteja melhor, é eu estou melhor. - digo.
- Eu sei que está sendo difícil, mas não precisa ficar assim. 
- Me desculpa eu estou confusa. - digo.
- Eu imagino.
- Stuart deve estar falando com os pais de Wendel. - digo
- Ele já ligou para eles, o corpo vai ser enviado para Chicado e deve ser sepultado até amanhã. - disse Lucas.
- Eu queria poder me despedir dele. - digo começando a chorar.
- Acho que ele queria se despedir de você com vida e sorrindo. - disse ele.
- Me faz um favor? - digo limpando o rosto e me sentando na cama.
- Claro.
- Na parte de cima do armário tem uma caixa, pegue-a para mim. - digo.
Ele se levantou sem hesitar e pegou a caixa que tinha a blusa que Wendel havia deixado para mim com a carta que eu prometera não abrir até sentir saudades.
- Ele te deixou isso? - disse Lucas sentado ao meu lado.
- Sim, disse que quando eu sentisse saudades era para ler esta carta!
- Tem certeza que quer ler ela agora?
- Eu não sei. - digo segurando-a em meu colo.
Fiquei encarando a carta em meu colo e lendo e relendo a frase "Para meu amor".
- Deixe para ler quando estiver melhor. - aconselhou-me.
Aceitando o concelho de Lucas guardei a carta na caixa novamente e coloquei-a de lado. Lucas começou a cariciar meus cabelos e me inclinei para deitar em seu colo, ele continuou acariciando meu cabelo e começou a cantar, a música que havia cantado para mim ao som do violão alguns dias atrás. Sua voz era doce e serena, tocava meu coração e me deixava mais leve quando ele começava a cantar, era como se ele absorvesse meus sentimentos para ele, fechei os olhos e imaginei se minha vida tivesse toma outro rumo, se o Lucas tivesse chegado antes de Wendel, se ele me encantasse antes de Wendel eu não estaria sofrendo agora, mas como a vida adora pregar peças nos destinos das pessoas as coisas não aconteceram assim. Ao abrir os olhos encontrei Lucas olhando dentro de mim através dos meus olhos me senti invadida mesmo assim não desgrudei se seus olhos que acompanhava seu rosto que estava em um casamento perfeito com a luz da Lua.
- Posso te contar uma coisa que não vem ao caso? - disse ele.
- Diga!
- Eu estou prestes a te beijar. - disse ele me assustando.
- What? - digo.
Confusa comecei a rir crendo que ele estaria fazendo aquilo para me ver sorrir.
- Eu sei que esse está longe de ser o melhor momento para te dizer isso, mas é que eu não aguento mais guardar esse sentimento dentro de mim, talvez eu tenha que carregar isso comigo para a vida toda, mas que eu carregue isso crente que você está ciente desse meu amor. Eu não havia encontrado alguém que me fizesse admitir que pela primeira vez eu vejo o seu rosto em cada por-do-sol, escuto sua voz em cada sinfonia dos ventos e quero que quando olhar para os rostos dos meus filhos eu ver o seu. - disse ele despejando tudo como se tivesse se preparando a muito tempo.
- Eu... eu... - digo confusa.
- Shhhh... você não precisa dizer nada. - disse ele quase cochichando.
Eu o vi levantar da cama e ficar de pé na minha frente, colocou as mãos no bolso como sinal de nervosismo e encarou com aqueles olhos que sou encantada desde a primeira vez que eles me encaram com as sobrancelhas arcadas.
- Me desculpa de decepcionei. - disse ele olhando par ao chão.
Me levantei logo em seguida e fiquei de frente para ele que havia voltado a me olhar como se fosse o motivo de sua felicidade e ali naqueles olhos vidrados em mim, com o quarto escuro apenas com a luz da lua iluminando o quarto encontrei a minha cura, a minha fonte de força w o amor que insistia procurar em Wendel e admiti à mim mesma que o amava , e o amava com todas as forças que restava em meu frágil corpo.
- Sabe de uma coisa Lucas, sabe esses filhos que você quer olhar encontrar meu rosto? - digo encorajada pelo meu amor.
Ele me olhou como se estivesse se preparando para o pior.
- Eu também quero olhar para eles e encontrar o seu rosto, eu quero olhar para o sol e sentir você me abraçar e me aquecer e eu também quero sentir o vento e escutar a sua voz cantando para mim. - digo sorrindo enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.
Eu vi o sorrido mais lindo brotar em seu rosto acompanhado de lágrimas que eram sincronizadas com as minhas e em piscar de olhos, Lucas me puxou para cima de si e eu me entrei a seus braços enquanto me beijava.

(Continua...)

Comentário da Autora:

Oi amores, até que enfim o primeiro beijo da Katrina e do Lucas e que os anjos digam AMÉM \Õ/ snjkdmsosmaslaç. Eai gostaram do capítulo? espero que sim estava meio inspirada kksxs. Tadinho do Wendel né gente? ele era uma amor de homem, romântico que só ele, mas o Lucas é o Lucas, nem nem comparação! u.u hisahsiuahsia

7 Comentários, Okay?!

Beijos ;*

• Qual era o nome do amigo de Wendel?