Lado a Lado - Capítulo 14

(...)

Acordei em um quarto completamente branco, meu corpo doía como se eu não tivesse me mexido à muito tempo, senti um gosto amargo na boca. Meu corpo estava cheio de fios  em quanto vasculhava o quarto atrás de alguém quando meus olhos toparam com os do Lucas me encarando ao lado da cama.
- Hei... - disse ele se levantando.
- Onde que eu estou? - digo fazendo careta.
- No hospital, você passou mal com o estresse. - disse ele  se aproximando de mim.
- Asha, cadê ela?
- Em casa descansando com o Stuart, ela passou o dia todo com você. - disse ele passando a mão nos meus cabelos.
Olhei em direção a persiana do quarto e percebi que era de noite.
- Quanto tempo  eu estou aqui?
- Há quatro dias.
Olhei assustado pra ele como se nunca tivesse visto antes, aquela notícia entrou pelos meus ouvidos me confundindo, como eu poderia ter ficado ali por tanto tempo e não ter percebido.
- QUATRO DIAS? - digo impulsionando meu corpo pra cima.
- Não, Katrina você precisa ficar deitada. - disse ele me forçando para baixo.
Acabei voltando para minha posição anterior, até porque como poderia contradizer aquele homem na minha frente que me olhava com um olhar com uma mistura de carinho, ternura mas ao mesmo tempo com receio e medo.
- Fique bem quietinha aqui, vou chamar o médico pra você. - disse ele subindo o edredom.
- Eu não preciso de um médico, eu preciso da minha casa. - digo
- Esse é o primeiro sinal de que você precisa de um médico. - disse ele virando as costas e saindo.
Enquanto o Lucas saía do quarto me peguei pensando em Wendel. Como ele estaria em meio a um campo de ataque sem proteção nenhuma do governo Americano na qual ele dizia aos quatro ventos que tinha orgulho de defendê-lo, meu coração batia mais forte quando Lucas ficava mais perto de mim, segurava minha mão e olhava dentro de mim através daqueles olhos cor de mel, mas não podia negar que Wendel também foi alguém que amei, alguém na qual eu senti falta, alguém que me fazia bem e pensar na possibilidade de ele estar agora estirado em um chão frio com a farde verde camuflada suja de sangue e aquele mesmo homem que era cheio de sonhos e planos e que tinha me prometido que voltaria e me amava não poderia mais cumprir suas promessas. 
O Lucas abriu a porta junto com o médico me despertou dos meus pensamentos.
- Olá Katrina. - diz Dr. Thalles com sua simpatia inabalável.
- Oi. - saldo-o 
- Sente alguma coisa? alguma dor, algum incomodo? - diz ele conferindo os equipamentos.
- Porque eu fiquei aqui quatro dias? - digo.
- Houve uma espécie de convulsão momentânea em você, nos dois primeiros dias você estava em como induzido para a melhor reabilitação do seu cérebro e os outros dois dias você simplesmente entrou em um sono profundo mais dando todos os sinais vitais normais então só estávamos esperando você acordar novamente.
Fiquei em silêncio tentando processar as tais informações quando senti a mão do Lucas sobre minha mão, mesmo com o edredom entre nossas mãos, mas sobre a minha mão gelada e inchada.
- Ela vai poder ir para casa agora? - disse Lucas olhando apreensivo para o médico.
- Eu acho melhor não, fique mais alguns dias por aqui apenas por precaução, tudo bem?
Assenti com a cabeça.
- Continuaremos o seu tratamento contra o câncer também e nos próximos dias vou fazer mais exames em você apenas para saber se o coquetel está fazendo algum efeito.
- Eu quero ir para casa. - digo.
- Você vai, só espere alguns dias. - disse o doutor batendo em retirada.
Um silêncio longo e avassalador surgiu enquanto o Lucas sentava novamente ao lado da cama.
- A Asha e o Stuart sabem que eu tenho câncer? - digo
- Era inevitável eles não saberem. - disse ele sem olhar para mim.
Passamos as últimas três horas sem trocar nenhuma palavra, ele estava diferente, ele estava distante de mim e eu não sabia o que havia feito para receber aquilo eu não queria ele longe de mim, eu precisava mais do que nunca dele naquele momento da minha vida e isso estava me consumindo.
- Hei... - diz Asha com a voz serena enquanto abria a porta.
Sorri.
- Oh kat, que bom que você acordou! - disse ela sorrindo.
Lucas se ajeitou no sofá para se levantar.
- Eu e o Stuart vamos ficar com você aqui para o Lucas ir descansar um pouco...
- Alguém me explica porque é que todo mundo está esquisito comigo? - digo confusa.
A Asha olhou para baixo enquanto Lucas diminuiu o ritmo enquanto juntava seus pertences.
- Eu estou esperando. - digo me sentando na cama.
Os dois se olharam depois Lucas veio em minha direção e depositou um beijo em minha testa e depois me olhou fixamente.
- Descansa, eu volto amanhã. - disse ele.
Lucas saiu do quarto me deixando com Asha.
- Ele está com medo. - disse Asha.
- Medo?
- É - disse ela sentando ao meu lado - ele tem medo de te perder, ele me disse que você havia se tornado mais que alguém importante para ele no dia em que me contou sobre... você sabe, aquilo.
Respirei um pouco mais aliviada por saber que eu não tinha o magoado e sim que ele sentia o mesmo o que eu sentia por ele.

Os dias se passaram e o Lucas havia sido como um presente de Deus para mim, todos os dias depois do trabalho com a agência ia me visitar no hospital, sempre sendo carinhoso e atencioso. Stuart e Asha também me ajudaram muito, optei por não dizer nada a vó Nina sobre o que estava acontecendo comigo nas cartas para que ela não se exaltasse com isso de tão longe ela também não poderia fazer nada , aliás, ninguém podia quem dirá ela com um oceano entre nós. Fiquei três semanas sem nenhuma noticia de Wendel, mas logo depois dos resultados do exames saírem recebi uma carta dele dizendo todo o sufoco que ele fazia para me mandar um carta secretamente dos seus superiores e de toda desordem que era aquele lugar onde ele estava em se quer se esquecer de mim, ele me fazia sentir culpada por ter um sentimento tão grande por Lucas sendo o sentimento dele me pertencia e eu não sabia mais o que fazer aquele sentimento dele, eu o amava mas amava o Lucas também, era como se eu estivesse entre as espada e a cruz , sem ter pra onde correr.
- Katrina, precisamos fazer um cirurgia urgente! - disse Dr. Thalles ao ver os resultados dos meus exames.
Respirei fundo antes de receber qualquer informação que fosse.
- O que houve? - digo preocupada.
- As sessões de medicamento que você recebia ajudou a estacionar o seus tumores mas infelizmente ganhamos mais um tumor no seu pulmão. - disse ele com a expressão preocupante.
- As chances diminuirão? - perguntou Lucas
- Não, pelo menos não neste momento, o caso é que a Katrina precisa sair desta sala direto para o centro cirúrgico, perdemos muito tempo.
- Espere um minuto, eu preciso ser operada agora? - digo confusa.
- Exatamente.
- Mais eu não estou preparada. - digo assustada.
Lucas segurou minha mão.
- Você precisa estar preparada para lutar agora ou precisará se preparar para morrer. - disse o doutor sem travas.
Aquilo me deixou sem reação, eu não sabia mais falar , nem argumentar então o Lucas tomou as rédias da situação.

Algumas horas depois eu estava já sendo preparada para entrar na sala de cirurgia quando ouvi a voz inconfundível de Lucas rasgar o eco do corredor pedindo para me ver antes de ser operada, logo depois ele veio até mim com todas a proteções necessárias , mas seu olhar completamente nu me encarava preocupado.
- Que bom te ver. - digo nervosa com a situação.
- Eu precisava te ver antes que você entrasse. - disse ele segurando minha mão.
- Eu estou com medo, Lucas! - digo chorando.
- Não tenha medo, querida, eu vou estar do lado de fora esperando por você. - disse ele com tanto medo quando eu.
Ficamos nos olhando durante alguns segundos e depois ele beijou o topo da minha cabeça com a máscara de proteção impedindo o contado de sua pele com a minha, mesmo assim senti o seu amor.
- Eu preciso ir agora - disse ele se afastando - eu... eu te... eu te espero aqui quando você sair. - disse ele por fim e saindo.
Por um fragmento de um segundo achei que ele diria que me amava, mas mesmo com um "até logo" de Lucas, entrei na sala de cirurgia com medo  mas com a imagem dos olhos do Lucas me encarando antes dele partir. A anestesia era introduzida no meu soro pouco a pouco, senti meu coração diminuir num ritmo passivo, as pálpebras pesavam uma tonelada cada e quando dei por mim estava em um sono tão profundo que nem o barulho de orquestra de ano novo tacando naquela sala me acordaria tão fácil.
 Durante o sono enquanto provavelmente muitos médicos estariam a minha volta e um bisturi sendo passado contra minha pele revelando meu corpo insano para o mundo eu sonhava, parecia loucura aquilo, mas lá estava eu sonhando com meus pais mais uma vez, mas dessa vez estava tudo calmo, minha mãe sorria pra mim em uma serenidade tão grande que me deixava em paz, meu pai com o braço passado em sua cintura abraçado com minha mãe sorriam os dois pra mim e eu me sentia novamente aquela menininha de cinco anos, eu corria em direção a ele que me receberam com um abraço.
- Eu senti saudades de vocês. - eu dizia.
- Minha estrelinha. - disse minha mãe como sempre me chamava.
- Onde vocês estavam, eu preciso de vocês.
- A gente sempre esteve com você minha filha, só você que não nos percebe. - disse meu pai.
- Onde? - digo confusa.
- Aqui. - disse minha mãe tocando meu coração.
- Porque vocês me deixaram sozinha? - digo 
Minha mãe contornou meu rosto com as mãos e continuava sorrindo e quando menos esperava eu voltei a minha realidade sem meus pais.
Estava no quarto, com um curativo enorme acoplado em meu peito, o soro na minha veia e mais alguns fios registrando meus batimentos cardíacos, me dei conta que eu estava na sala de pós-operatório, havia um vaso de flores enorme ao lado da cama com um cartão encostado ao vaso, me torturei um pouco para pegá-lo e comecei a ler.

"Dear Katrina, 

We the London Symphony Orchestra Academy of classical music we wish you a great recurepação and we are eagerly cheering for you. 

Sincerely, 

Mr. Tchurman"

Deixei um sorriso escapar quando terminei de ler o cartão que o senhor Tchurman havia me mandando em nome da orquestra da academia de música clássica onde eu pertencia, era bom ser lembrada por eles.

Alguns minutos depois o Lucas entrou no quarto com um dos sorrisos mais lindo que já havia visto na vida, carregando um buquê de margaridas vindo da minha direção, o meu sorriso foi inevitável.

- Olá senhorita, entrega pra você! - disse ele em um tom mais sofisticado.

- Oh, pra mim? - digo entrando na brincadeira - quem seria o responsável por tal proeza? - digo fingindo-me de surpresa.

- Não sei lhe dizer senhorita, apenas um rapaz bem intencionado! - diz ele me entregando as flores.

- Então diga a ele que cuidarei dessas flores como se fosse seu próprio coração. - digo sorrindo.

- Ele sabe disso. - disse ele por fim.

Rimos.

- E de quem são essas flores? - disse ele.

- Da orquestra , acredita nisso? - digo ainda sorrindo.

- Que gentil da parte deles. - disse ele sorrindo.

Ficamos conversando durante um tempo, nem parecia aquele homem que estava com medo de me perder, segundo a Asha, mas revitalizado, mais feliz e era assim que eu queria vê-lo e senti-lo.

(Continua...)

Comentário da Autora:

Oiiiieee, tudo Okay com vocês? espero que sim , pq eu semana passada tava mal pakas por isso não postei nenhum dia, mil desculpas :/ Mas aqui estou eu novamente, super melhor e postando fic pra vocês :) Espero que não tenham desistido da minha fic, please!

Eu estou entrando em uma fase da minha vida que eu comecei a focar nos meus sonhos e para conseguir realizá-los eu vou precisar da compreensão de vocês se a fic der aquela esfriada básica, é porque minha cabeça consegue raciocinar uma história de cada vez e se um dia eu vim misturar as duas, me perdoem.

8 Comentários para o capítulo 15 *-*

Beijos ;*

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• Qual foi a espécie de flor que o Lucas deu para Katrina?