domingo, 11 de maio de 2014

Lado a Lado - Capítulo 12

(...)


- Por favor não me olha assim... - digo abaixando a cabeça e ligando a torneira.
- Katrina, você precisa ir ao médico urgente! - diz Lucas completamente assustado.
- Pra quê? - digo limpando a pia inundada de respingos vermelhos.
- Pra quê? - ele entra no banheiro e me puxa pelo o braço e me segura com força - Katrina, você pode estar doente, isso - ele olha pra pia - não é normal, você não pode fugir da sua realidade.
- Me solta! - digo me soltado de suas mãos - Eu tô legal, Okay?
- E isso é o que? - diz ele me encarando sério.
- Uma reação alérgica e chega desse assunto. - digo fechando a torneira e saindo do banheiro.
Ele correu atrás de mim e me imobilizou contra a parede e ficou me olhando sério, como se estivesse tentando me hipnotizar e introduzir a ideia que eu estava doente.
- Katrina, eu não quero te ver sofrer... será que uma vez na vida você consegue perceber que você não é só importante pra sim mesma, que droga! - diz ele alterado porém falando baixo.
Fiquei calada.
Ele me solta, passa a mão em volta do meu rosto e parando com o polegar perto da minha boca e a mão sobre meu maxilar.
- Eu não quero te perder. - diz ele me encarando - tanto eu quanto você sabemos que você não está nem um pouco legal e se você não quer admitir isso você mesma, vá ao médico pelo Wendel.
- Eu tenho medo. - confesso deixando uma lágrima cair.
- Eu estou do seu lado e não vou sair daqui até ter certeza que você está bem. - diz ele soltando um sorriso.
Eu fiquei impotente com aquela situação toda, eu sabia que havia algo de errado comigo mas não queria admitir eu tinha medo de receber a noticia que eu tanto temia, não queria deixar as únicas pessoas que me amavam com pena de mim, mas o Lucas tinha o poder sobre mim de me convencer sem menor sacrifício e acabei sedendo.
- Eu prometo que vou ao médico.
Ele sorri novamente e me beija na testa enquanto ouço o barulho da porta da sala se abrir.


 Ele entrou no seu quarto me deixando imóvel no meio do corredor sem saber o que pensar depois de tanta demostração de afeto do Lucas por mim. Olhei em direção a sala e vi Asha cruzar a linha da sala com a cozinha depois voltei a olhar para a parede a minha frente e deslizei na parede até cair sentada ao chão completamente confusa e com medo.
Depois de alguns minutos a Asha cruza o corredor e se depara comigo em meio ao corredor e se espanta.
- Que raios você está fazendo ai?
Eu apenas olho pra ela com cara de desprezo.
- Xiii... o que houve? - diz ela se sentando ao meu lado.
- Eu acho que preciso de um médico. - digo brincando com os fiapos de linhas que se soltavam da maga da minha blusa de frio.
- Como assim, Kat?
- Eu fui tentar fumar e comecei a tossir sangue, há alguns dias eu fico louca tossindo durante o dia e a noite, as vezes não consigo respirar e já perdia consciência uma vez.
- E você faça com essa tranquilidade? - diz ela preocupada.
Me mantenho quieta.
- Kat, pelo amor de Allah levanta desse chão a gente vai ao médico agora! - diz ela se levantando.
- Não.
- Que não o que, além de marrenta é idiota e vai morrer ai por teimosia! - diz ela me puxando pela mão e me carregando para o quarto.
Enquanto eu me trocava para a consulta, Asha vasculhava minha carteira atrás do cartão do Dr. Thalles, ele era brasileiro e que facilitava a minha consulta principalmente noturna.
- Achei! - diz Acha erguendo um cartão amarelo creme como se fosse um troféu. - e você já terminou?
- Já! - digo saindo do armário com uma calça jeans, tênis e um cardigã fechado vermelho.
- Cruzes, tá parecendo aquelas mães de trigêmeos as dez horas da noite.
- Exatamente, mas sem os trigêmeos.
Rimos.
Quando estávamos saindo do quarto encontramos o Lucas no corredor.
- Onde vocês vão? - diz Lucas apreensivo.
- Dar uma volta. - diz Asha sabendo que não gostava de expor minha vida.
- Ao médico. - digo por fim.
Asha me encarou confusa.
- Posso ir com você? - diz Lucas me olhando com as sobrancelhas arcadas.
- Acho que não vai precisar. - diz Asha pegando na minha mão e me puxando.
- Não precisa mesmo. - digo.
- Eu faço questão. - diz Lucas segurando na minha outra mão.
Por um segundo cheguei encarar nossas mãos entrelaçadas como se ele estivesse emitindo forças pra que eu me mante-se em pé.
- Tudo bem.  - concordo.
Ele sorriu lindamente.
- Só vou pegar o casaco. - diz ele entrando no quarto novamente.
- Katrina o que está acontecendo aqui? - diz Asha confusa.
- Nada. - digo sorrindo.
- Então porque você está sorrindo feito uma abobalhada.
- Não tô sorrindo. - digo fechando a cara.
Maşallah, não tô gostando disso, não mesmo. - diz Asha preocupada.
- Fica tranquila, está tudo bem. - digo.
- Pronto, podemos ir? - diz Lucas.
Saímos do nosso bairro de táxi e seguimos para o hospital central onde o Dr. Thalles trabalhava de Plantão e quando recebeu a noticia logo fez questão de me atender. 
- Olá Katrina. - diz o doutor chegando na sala de espera.
- Oi. - digo me levantando e cumprimentando -o.
- O que te trás aqui?- diz ele.
- Eu preciso conversar com você. - digo até uma pouco envergonhada.
- Claro,  me acompanhe até minha sala.
- Asha acompanha ele. - digo acenando para o Lucas com a cabeça.
- Okay!
Segui o doutor até um corredor praticamente vazio de paredes brancas e o piso cinza, ele abriu uma das portas do corredor e fez sinal pra que eu entrasse, entrei enquanto ele se instalava atrás da mesa.
- Sente-se por favor - diz ele mostrando a cadeira.
Me sentei.
- Então sobre o que quer conversar comigo? - diz ele.
- Hã... é que eu.... eu... na verdade eu não sei nem por onde começar. - digo.
- Que tal pelo começo? - ele sorri.
- Okay, é que há alguns dias em que eu venho me sentindo meio... estranha. - digo.
- Me defina estranho.
- Zonza, as vezes prestes a desmaiar coisas desse tipo.
- Hum... - diz ele enquanto me fitava e semicerrava os lábios. - Já pensou na possibilidade de uma gravidez ou não?
- Doutor... eu sei que sou meio atrapalhada das coisas mas isso eu tenho certeza que não estou e meu ciclo menstrual está aqui pra te confirmar isso. - digo com uma pitada de deboche.
Homens machista, sociedade machista que pensam que uma mulher não pode se sentir zonza ou enjoada que ela já está grávida como se fosse pra isso que as mulheres foram criadas apenas para procriar, uma mulher não pode pegar virose ou uma simples gripe que sempre a primeira suspeita é uma gravidez.
- Senti saudade da sua ironia Katrina! - diz ele rindo - Mas, só foram apenas esses sintomas ou há outros?
- Eu hoje pela tarde cheguei a tossir algumas vezes uma quantidade de sangue. - digo apreensiva.
- Hum - disse ele dessa vez com cara de "problema-à-vista" - posso te perguntar uma coisa, Katrina?
- Claro...
- Você ainda fuma?
- Sim.
- Loucamente igual da última vez que nos vimos?
Eu apenas aceno com a cabeça positivamente.
Ele bateu algumas vezes com a caneta sobre alguns blocos de formulários de exames e depois se levantou.
- Tire o casaco, preciso te examinar.
Então sim eu foi feito. Ele começou a escutar meus pulmões trabalharem durante alguns minutos depois de afastou.
- Eu desconfio do que seja, mas prefiro um laudo específico. - diz ele se sentando na mesa novamente enquanto recolocava o casaco.
- E o que você desconfia? - digo.
- Preciso que você faça alguns exames ainda hoje, vou te rotular como urgente só para acelerar os resultados.
- Que tipo de exames?
- Um exame de sangue e uma tomografia.
- Uma tomografia? - digo assustada.
- É apenas pra ver se está tudo certo com você e não dói nada.
- Eu sei o que é uma tomografia. - digo alterada.
- Calma Katrina. - ele me entregou alguns papéis - Siga até a ala de exames e depois volte aqui.
- Tudo bem - digo.
Saí da sala junto com o doutor mas acabei encontrando o Lucas e a Asha no corredor.
- Então? - diz Asha ansiosa.
- Preciso fazer alguns exames. - digo levantando o papel.
- Mas ele não te disse nada? - diz Asha.
- Não, agora eu preciso ir fazer os exames... me esperem aqui, daqui a pouco eu volto. - digo.
- Não posso te acompanhar? - diz Lucas.
- Melhor não. - digo.
Então segui para a ala de exames do hospital com o Dr. Thalles, quando chegamos ele conversou com algumas pessoas e em menos de dez minutos me chamaram para fazer o exame de sangue. Viva a pontualidade britânica. Tiraram uma seringa de sangue e dividiram em vários potinhos para vários tipos de exames, logo depois me encaminharam para a sala da tomografia, tive que tirar minhas roupas e vestir uma roupa hospitalar azul que amarrava na cintura e com uma touca na cabeça cobrindo meus cabelos e assim entrei dentro de uma máquina que escanziava meu corpo por inteiro, fiquei com medo em algumas vezes mais logo passava. Depois dos exames, tornei vestir minhas roupas e depois voltei para a sala de espera e encontrei Asha e Lucas me olhando assustados.
- Calma, eu tô bem. - digo.
- Não saiu o resultado ainda, né? - diz Asha.
- Ainda não, o Dr. Thalles disse pra esperar. - digo.
- Ai, Maşallah. Eu vou buscar um café pra mim na lanchonete, alguém quer alguma coisa? - diz Asha.
- Não. - disse eu e o Lucas juntos.
- Okay então, já volto. - diz ela apanhando a bolsa e saindo.
Me sentei ao Lado do Lucas nas cadeiras da sala de espera enquanto ele me olhava não preocupado mais de um jeito mais carinhoso de um jeito que eu me sentia acolhida.
- Tô feliz que você tenha me escutado. - disse Lucas.
- Acho que você descobriu meu ponto fraco. - digo.
- Descobri?
- Eu só estou fazendo isso pra te mostrar que eu estou bem. - digo
- Espero que esteja. - disse ele segurando minha mão.
Logo em seguida o doutor apareceu na sala me chamando novamente para a sala dele, quando me levantei Lucas segurou minha mão com força.
- Me deixa ir com você. - disse ele.
- Acho uma boa ideia. - palpitou doutor.
- Okay, mas sem gracinhas. - digo ainda segurando sua mão.
Seguimos para a mesma sala novamente de mãos dadas, eu precisava dele eu estava com medo do que aqueles papeis nas mãos do doutor poderiam fazer comigo e minha vida e se tivesse algo assim eu confiava no Lucas pra não me deixar cair.
- Então doutor? - digo me sentando e o Lucas sentando ao meu lado.
- É o que nós chamamos de metástase pulmonar. - disse ele me encarando com um olhar caído.
- O que seria isso? - diz Lucas.
- Primeiro devemos dizer a culpa de tudo isso é da sua genética, você continha células cancerígenas adormecidas no seu sangue mas com o uso contínuo e exagerado do fumo, inconscientemente acredito que você tenha "acordado-as" - diz ele fazendo aspas com os dedos.
- Espera um minuto, você está dizendo que eu tenho can...
- Câncer! - completa o doutor.
O consegui ver meu mundo de despedaçar e padecer sob meus pés quando o doutor terminou a frase, passou tudo que se possa imaginar na minha cabeça que eu poderia ter menos um Câncer. Senti a mão do Lucas se entrelaçar na minha, mas eu estava fora de mim para entender o que estava acontecendo naquela sala pequena e branca.
- Há dois tumores: um acoplado na tireoide e o outro na parede pulmonar do seu pulmão esquerdo. - diz o doutor com a tristeza estampada em seu rosto.
- E qual o tamanho deles? - diz Lucas coma voz falhando.
- Em média tem o diâmetro de uma uva passa cada.
Aquelas informações entravam pelo meu ouvido e me matavam como se fossem punhais fincados em meu coração.
- E há chances? - diz Lucas deixando algumas lagrimas caírem.
- Quarenta e cinco por cento, se começarmos logo o tratamento.
- Só quarenta e cinco? - digo abismada.
- Entenda Katrina, você demorou muito pra me procurar e a metástase é complicada, ela enche os seus pulmões de liquido e que podem causar axisficia.
Eu não entendia absolutamente mais nada, pra mim ele estava dizendo que eu iria morrer com todas as letras. 
- E qual seria o tratamento? - disse Lucas apertando minha mão mais forte.
- Primeiro a retirada dos tumores, segundo algumas sessões de radioterapia e se for preciso sessões de quimioterapia... primeiro de tudo isso, volte pra casa tome um banho quente e uma xícara de chá e descanse, amanhã volte aqui e me procure. - disse o médico aposentando os óculos sobre a mesa.
Eu não conseguia mais conter o choro as lágrimas escorregavam pelo meu rosto pelo corredor, o Lucas não soltava da minha mão um só segundo, percebi que ele também estava chorando mas pra mim ali havia chegado ao fim da linha, o final havia ficado vermelho e as luzes daquele espetáculo estavam se apagando enquanto uma sinfonia de sentimentos tocavam a trilha final.


(Continua...)


Comentário da Autora:
PARA TUDOOOOOOO!!! Coitada da Katrina :'( ain gente eu fico abismada como eu posso ser tão má assim dfefrfgfrgwer Sério chorei demais escrevendo esse capítulo, é a pior parte do câncer é essa na minha opinião: é quando você recebe a notícia. :/ Nada mais a declarar sobre esse capítulo t.t
7 Comentários. Okay? Okay!
Até Sábado amores mios ;* espero vocês hein! #Fui

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  • Qual foram os exames que a Katrina tivera que fazer?



5 comentários:

  1. R: Um exame de sangue e uma tomografia.

    :'( triste ! Muito triste ! Só tenho isso a dizer.

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  2. vei chorei lendo esse capitulo, na verdade ainda estou chorando, nao vejo a hora de chegar sabado, e ela fez exames de sangue e uma tomografia, beijos ate sabado

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  3. Um exame de sangue e uma tomografia aaaaaaaahhh cm assim cancer ai assim vc me deixa cm muito triste e curiosa ate sabado mas u sei que o lucas vai esta ali pra ajuda ela e vao superar isso juntos :)

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  4. Meu emocional já está abalado pq estou lendo "A culpa é das estrelas",agora acontece isso com a Katrina ,ai meu Deus assim meu coração não aguenta.SHUASHUASHUA.Mas perai,sabado?Pq não 6ª feira?Já tô tensa.Os exames foram:de sangue e uma tomografia.

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