Lado a Lado - Capítulo 10

(...)


Por algumas horas dormi sem preocupações, mas logo no meio da noite um incomodo muito grande no peito meio que me sufocava, estava difícil de respirar me mexia com inquietação na cama até o Wendel perceber que havia algo de errado comigo.
- Querida... - diz ele me olhando assustado - você está bem? - diz ele passando a mão na minha testa e colocando minha franja curta para trás.
- Eu... - puxando o ar - não estou  - começo a tossir.
Ele preocupado me sentou na cama e começou a me abanar.
- Respira de vagar, de vagar... inspira pelo nariz e aspire pela boca.
E comecei obedecê-lo.
- Isso, de novo...
Depois de algumas vezes respirando daquele jeito comecei a sentir o oxigênio voltar a fluir em meus pulmões e me aliviando.
- Tudo bem agora? - diz ele me encarando ainda um pouco assustado.
Aceno que sim com a cabeça.
- Vou buscar um copo de água pra você. - diz ele se levantando e vestindo a calça de moletom azul marinho.
Meu coração batia acelerado, minha cabeça doía, sentia minha mão tremer  estava assustada com tudo aquilo, nunca tinha passado por esse tipo de coisa e então comecei a reparar que nas noites anteriores eu me sentia sem ar durante a noite mas nada comparado com dessa noite.
Me levantei apanhei uma camisa do Wendel do chão e me vesti com ela e por estar abaixo da linha permitido de ir em uma roda gigante a camisa dele veio ao meu joelho, depois voltei e me sentei na cama com as pernas sobradas.
- Pronto. - diz Wendel entrando no quarto e acendendo a Luz.
Ele sentou ao meu lado e entregou o copo e em segui eu bebi um pouco.
- Eu achei que iria morrer. - digo.
- Deus me livre. - diz ele - melhorou?
- Sim.
Eu soltei o copo e deitamos novamente e consegui dormir tranquila até de manhã.
Quando acordei na manhã seguinte estava sozinha na cama, me sentei e minha cabeça ainda doía um pouco. Estava me preparando para me levantar quando vejo a porta do quarto se abrir e o Wendel entrar segurando uma bandeja de café da manhã.
- Hei, bom dia princesa. - diz ele entrando todo sorridente.
- Bom dia. - digo fazendo cara de sono com os olhos semicerrados.
- Ai, mais que carinha de sono. - diz ele me dando um selinho.
- Eu apaguei legal.
- Então funcionou. - diz ele sentando na cama e colocando a bandeja entre nós.
- O que funcionou?
- O remédio que eu coloquei na água pra você conseguir dormir.
- Você me drogou sem eu saber? - digo confusa.
- Calma foi só um anti-alérgico. - diz ele pegando um raminho de lavanda.
- Na onde você arrumou isso? - digo.
- Nas cartas da Asha em cima do armário da cozinha.
Sorrio. A mãe de Asha mandava nas cartas algumas especiarias da índia para ela não se esquecer de suas origens. Ele pegou o raminho de Lavanda roxa e cheirosa e acoplou atrás de uma das minha orelhas e sorriu.
- Linda. - diz ele.
- Você! - digo apertando a boca dele e formando um bico.
- Eu xou lindja? - diz ele falando com a boca em forma de bico.
- Bobo. - digo rindo e depois lhe dou um beijo.
Tomamos café da amanhã na cama e depois segui para o banheiro onde tomei banho. Durante o banho me senti meio zonza e enjoada, mas logo passou.
Segui para a sala onde comecei a dar os últimos ajustes nas pautas para o concerto, vó Nina e o Wendel entendia a importância daquele concerto, era a única chance da minha vida de tocar para os maiores maestros da música clássica e se eu conseguir chamar atenção de pelo menos um deles poderei ser patrocinada e conseguir realizar o sonho da minha mãe.
- AAAAAAAH, eu vou ficar louca se esse concerto não chegar logo. - digo me esticando no sofá.
Escuro Wendel rir da  sacada.
- Vai dar tudo certo. - diz ele enquanto limpava a neve atolada da sacada.
- Parece que vai ser o último dia da minha vida.
- como diz a Asha, HALÁ HALÁ. -diz Wendel imitando a voz dela.
Começo a rir.
A porta se abre e Stuart e Lucas entram por ela com cara de acabados.
- Hei, bom dia! - digo ainda rindo.
- Cama, banheiro principalmente banheiro , oh shit... - diz Stuart correndo pro banheiro.
- Não vomita no carpete. - digo - e você, gostou? - digo olhando par ao Lucas.
- Até que foi legal. 
- Até que foi legal? - diz Wendel entrando.
- O Stuart só deu trabalho, entrou na competição de quem bebia mais absinto em menos tempo, caçava briga com os caras por causa que ele ficava dando em cima das mulheres deles.
Wendel riu.
- Você tem que fingir que nem conhece nessas horas. - digo.
- E as mulheres?
Jogo uma almofada em Wendel.
- Lindas, mas eu não entendi nada que elas falavam.
Eu gargalhei descaradamente.
- Você não fala inglês? - diz Wendel abismado.
- Não companheiro. - diz Lucas.
- Mancada, hein. - diz Wendel.
- Mas na outra língua vocês conversaram né? - digo
Lucas riu.
- Ae cara - diz Wendel batendo no ombro do Lucas e rindo.
- Vou pra cama, tô acabado. - diz Lucas.
- Vai lá. - diz Wendel.
O Lucas seguiu para ocorredor enquanto Wendel me surpreendia pelas costas, olhei em direção ao Lucas que me olhava de volta mas depois olhei para o Wendel e correspondi o carinho.

Duas semana se passaram e a licença do Wendel havia chegado ao fim e ele precisava voltar para Israel como o novo fuzileiro da infantaria.
Wendel e todos nós estávamos na sala prestes a no despedir, ele vestia a mesma farda verde militar e segurava a boina entre os dedos, eu não queria que ele voltasse pra israel nunca , mas aquela vez era como se eu precisasse dele perto de mim o tempo todo.
- Não vai, por favor! - digo segurando em sua farda.
- Eu preciso ir meu amor, eu queria poder ficar com você pra sempre.
- E você pode - argumento.
Ele me beija no topo da cabeça.
- Eu prometo que volto logo. - diz ele.
- Promete?
- Prometo - ele se coloca em pose continência - sim senhora, capitã!
Forcei um riso, mas todos os outros riram.
- Não me troque por uma enfermeira, peituda e loira em suas noites de carência se tranque no banheiro! - digo ensaiando uma cara de brava.
- Nunca! - diz ele - Não sou tão tolo assim, por te trocar por qualquer uma.
- Assim que eu gosto! - digo.
- Dá licença, chega de mela -mela... - diz Stuart. - Tchau parceiro e é pra voltar inteiro, está entendo?
- Okay cara, não vou morrer tão cedo. - sorri.
- Wendel, que Allah te proteja naquele inferno a céu aberto! - diz Asha fazendo os sinais de benção nele, como os indianos fazem - e ah, não se esqueça de falar de mim para o Peter.
- Pode deixar!
- Espero te ver na próxima licença, cara! - diz Lucas cumprimentando - o.
- Cuida deles pra mim, sabe como é né? - diz Wendel apontando pra mim e pro Wendel.
- Acho que da Katrina não vou precisar - ele sorri olhando pra mim - mas daquele ali eu cuido! - diz Lucas pontando pro Stuart.
- Qual é cara?! - diz Stuart
Rimos.
- É melhor eu ir antes que eu perca o voo! - diz Wendel pegando a mala do chão.
Eu seguro sua mão apreensiva e ele a beija.
- Eu te amo. - diz ele 
- Eu também, não se esqueça disso. - digo.
Ele me dá um beijo e se vai.
Meu coração sempre ficava apertado quando ele saía por aquela porta depois de duas semanas de ter entrado por ela.
- Filme e pipoca? - diz Asha animada.
- Eu escolho o filme. - diz Stuart pulando o sofá.
- Nem pensar, sai fora Stuart! - diz Asha lutando com ele por causa do controle.
Lucas e eu ficamos em pé nos olhando.
- Seis meses? - diz ele.
- Um ano. - digo.
- Passa rápido.
- Não quando estamos longe de quem a gente ama. - digo indo em direção ao corredor.
- Não vai assistir filme com a gente Katrina? - diz Asha.
- Não, podem assistir sem mim... vou pra cama já. - digo.
Ainda era oito horas da noite, eu não estava com sono mas qualquer coisa era melhor que ficar ali pensando mil e uma possibilidades de Wendel não voltar mais.
Quando chego no quarto encontro uma camisa branca do Wendel dobrada com um envelope de carta e um raminho de lavanda em cima dela, me aproximo e pego a carta, reparo que o envelope está lacrado e com um pós escrito (P.S.) escrito no envelope : " Só abra quando der saudade. Com amor, Wendel" então obedeci não abrindo, na camisa havia um bilhete escrito " Você me disse que sentia falta do meu cheiro, resolvi seu problema." Eu peguei a camisa e a cheirei, tinha o cheiro inconfundível dele ali e o raminho com certeza era pra eu lembrar da primeira noite daquela licença dele. Ele era incrível, me conhecia melhor que eu mesma e sempre sabia me agradar.
Ao guardar minhas lembranças do Wendel em uma caixa dentro do armário comecei a me sentir zonza, o chão parecia abrir um buraco, minhas pernas começaram a tremer e por fim fui ao chão com tudo ficando escuro.


(Continua...)

Comentário da Autora:

Oi anjinhus, desculpa pela demora hoje, pelo tamanho do post é que a merda da minha internet resolveu cair e voltar só as 22:30 e eu demoro um pouquinho pra escrever então né? mil desculpas. Espero que tenham gostado dessa semana que postei muuuuitos capítulos pra vocês e inclusive esse que vou deixar vocês na curiosidade até no Sábado, porque na sexta eu não vou poder digitar amores :/ prometo caprivar no sábado , okay? beijoos ;*
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Qual a flor que Wendel ofereceu a Katrina?