sexta-feira, 18 de abril de 2014

Lado a Lado - Capítulo 1 + Prólogo

Prólogo

Todo mundo tem um milagre que toma todas e quaisquer formas, como o milagre de Philipe do terceiro ano do colégio foi beber um barril de Miller Latte e depois pular na piscina e não morrer afogado, o da Julia de conseguir passar em um vestibular sem saber a diferença entre o "Mais" e o "Mas". Com certeza eu não vou ser atingida por um raio ou morrer por engolir um amendoim inteiro mas se todo mundo tem o meu com certeza o meu foi conseguir sobreviver a um acidente de carro aos cinco anos, não sei se posso considerar isso como um milagre ou como um castigo, pois no carro estava eu tão pequena, inocente e quieta brincando com minha Barbie fashonista que tinha acabado de ganhar de aniversário enquanto viajávamos para Santos onde minha avó Nina morava, íamos passar o feriado de carnaval por lá, mas no meio do caminho papai começou a gritar e a brigar com mamãe que gritava de volta, eles nunca brigavam na minha frente era como se fosse uma lei federal "Não brigar na frente da Katrina", mas aquele dia as coisas estavam fora de si, eu não sabia do que se tratava toda aquela discussão e nem se eu quisesse porque com cinco anos a única coisa que me interessava era a hora que íamos chegar para saltar daquela cadeirinha e brincar na areia da praia, mas a cada segundo que se passava a discussão aumentava, eu me lembro de papai chegar a dar um tapa no rosto da mamãe foi quando eu comecei a chorar porque eu não queria que eles brigassem, eu não queria vê-la apanhando as únicas coisas que me lembro dela falando era "Não grite na frente da nossa filha" "Não toque em mim, seu idiota"  ela se virou de frente pra mim passou a mão delicadamente em meu rosto, disse "Eu te amo, estrelinha" sorriu, aquele sorriso que me acalmou e que guardo em minha memória até hoje, se virou novamente e quando eu achei que a briga tivesse acabado ela saltou para cima do meu pai que perdeu o controle, ela agarrou o volante e gritou com firmeza e autoridade "Vá pro inferno!" e tacou o carro na primeira carreta que vinha em nossa direção. Não me lembro de muita coisa depois disso, só me lembro de chamar por minha mãe no hospital e os médicos me sedarem.
No enterro dos dois, eu não entendia muito o que estava acontecendo até começarem a jogar terra em cima dos caixões e eu perguntar pra minha avó Nina: "Vovó se eles tão jogando terra em cima da mamãe , como ela vai sair de lá depois?" e ela me respondeu: "Ela não está lá dentro mais querida, ela está aqui." e colocou a mão no meu peito, indicando o coração, e desde então vivi com minha avó em Santos e aos dezesseis anos o colégio me mandou para Londres depois de um conserto no colégio, diziam que eu não era uma boa pianista e sim o próprio piano sendo tocado por Beethoven.



Capítulo 1

" Não grite seu idiota, você está assustando nossa filha!"
" O que você está fazendo?"
" Vá pro inferno!"
Uma coisa é fato: pior que acordar cedo é acordar cedo com uma tentativa frustada do Stuart tentando cantar "Garota de Ipanema" em português no banheiro depois de sonhar com a morte do meus pais. Me girei em todas as direções possíveis na cama até não aguentar mais e me levantar marchando em direção a porta do banheiro.
- Stuart, dá pra fechar essa maldita boca? - digo batendo na porta do banheiro.
- Good Morning pra você também. - diz ele lá de dentro com o sotaque puxado de Chicago.
- Agora vai ser um péssimo dia. - digo baixinho enquanto me dirijo á sala.
No caminho peguei meu cigarros em cima da mesa de centro da sala e acendi um enquanto devorava ele em apenas dois minutos. Morava em um república há três anos com o Stuart e a Asha, um Americano e uma mestiça de inglês e indiana, no começo foi uma guerra cada um aprender a língua do outro mas no final das contas por eu ser a "novata" optaram por falarem em português, mas isso há três anos atras.
Ao chegar na sala encontrei a Asha espalhada no sofá, com certeza é dia de BD, que significa Bad Day , ou seja, dia da ressaca brava.
- Pelo visto não deu tempo de chegar no quarto! - digo batendo com a almofada nela e jogando o resto do cigarro no lixo de pois de mergulhar na água da pia.
- Meu Deus , será que dá pra falar baixo? - diz ela se contorcendo.
- Com o Stuart cantando no banheiro vai ser meio difícil. - digo indo até a bancada da cozinha que separava da sala.
Comecei a preparar  o café quando o Stuart aparece na sala apenas de toalha como de costume. Foi meio difícil no começo quando eu via um garoto apenas de toalha na minha frente quase todos os dias, mas isso foi aos dezesseis anos, com o tempo eu e a Asha começamos a ver o desmiolado do Stuart como nosso irmão mais novo, mesmo ele sendo um ano mais velho que nós.
- Alguém abre a porta da sacada e me diz a temperatura de hoje? - diz Stuart.
Era um ritual dele saber a temperatura do dia pra se vestir, fui até a porta da sacada puxei a cortina e depois puxei a porta um ar completamente congelante bateu de frente comigo, mas como sempre logo me familiarizei com o frio de novembro em Londres.
- Está como um um cubo de gelo, mas você está com calor, então está... - digo
- Agradavelmente congelante. - Dissemos juntos.
- Coloca a calça sarja bordô, camisa branca e o casaco de couro preta. - diz Asha.
Ela faz moda e tem uma capacidade incrível de montar um look em três segundos se você dizer pra onde vai, com quem, a que horas e qual a temperatura do dia a ela.
 - Por isso amo vocês. - diz Stuart voltando para o corredor.
- Conserto hoje? - diz Asha me levantando.
- Não, só mais um ensaio. O Mrs. Tchurman quer que eu faça uma composição dupla, mas eu não sei como se eu não estou conseguindo nem a simples. - digo entregando uma xícara de café pra ela.
- Você sabe que eu não tenho a mínima ideia do que você está falando, né? - diz ela.
- Eu sei, mas eu precisava falar isso pra alguém eu tô ficando very crazy com isso.
- Relaxa, você consegue. - diz ela tomando um gole de café e se sentando na bancada.
- E o Timmy? - pergunto me sentando junto a ela.
Timmy era o boy magia da vez, eu não o que acontece com a Asha ela só se interessa por caras Gays ou com problemas de personalidade, outro dia ela chegou em casa com um cidadão todo trabalhado no rock and roll e no outro dia o mesmo cara lendo William Shakespeare.
- Desisti.
- Como é?
- Kat, eu preciso de um psicólogo urgente, tantos caras bonitos, interessantes e héteros em Londres e eu sempre acabo me interessando pelos que jogam no mesmo time que eu.
- Se você começar a frequentar lugares de héteros, você acha um.
- Ei, guarda a faca.
- Sorry.
Enquanto levava a xícara de café até a boca percebi um montante de cartas em cima da bancada  junto a cesta de pães, pelo jeito havia alguns dias que ninguém descia até a caixa de correio para pegar a correspondência. Na maioria das vezes eram sempre cartas da minha avó Nina, da mãe de Asha e dos pais de Stuart e de três em três semanas chegavam as cartas de Wendel, meu namorado. Ele está em Israel prestando serviço militar vejo ele apenas uma vez no ano as vezes sinto falta de dele, mas com o Stuart que é primo de Wendel do meu lado quase vinte e quatro horas por dia da pra suprir um pouco desse vazio. 
- Quantos dias ninguém pega correspondência?
- Desde quando eu não cheguei depois da meia noite. - diz Asha.
- Isso faz duas semanas. - digo abismada.
- Que foi? tá estressadinha porque o wendelzinho te mandou carta e você não viu? - diz Stuart chegando na sala e/ou cozinha.
O Stuart é lindo, principalmente quando joga o cabelo pra trás estilo Zac Efron e usa os óculos wayfarer escuros, mesmo que dia está nublado ele coloca o óculos, mas como já disse ele é meu irmão mais novo.
- E se for? Ele pode estar indo pra uma terceira guerra mundial as escondidas de Londres e eu não ia saber. - digo fingindo estar realmente brava.
- Fica calma que no máximo que ele deve estar fazendo é pulando entres pneus e atirando em patos. - diz ele passando o braço em volta do meu pescoço.
- Você não tem jeito. - figo rindo.
Eu começo a folear os envelopes, uma carta da vó Nina, duas da mãe da Asha que sempre vinha com um cheiro de mirra que coçava meu nariz ao extremo, uma do Wendel como previsto.
- Deixa eu adivinhar, pra mim um "Sinto muito Stuart". - diz ele contornando a boca da xícara com o dedo indicador.
- Deve ter se extraviado no caminho. - diz Asha tentando consolá-lo.
- Ou esqueceram de colocar no correio. - digo reforçando.
- Meninas, não precisam disso eu sei que desde que coloquei meu pé pra fora de casa meus pais esqueceram que tinham um filho.
Olhei em direção a Asha e acenei com a cabeça pra ela e eu nos levantássemos em questão de um centésimo voamos em cima de Stuart.
- Mas olha você não precisa de um pedaço de papel com tinta nele pra te fazer feliz. - diz Asha.
- Precisa? Claro que não, porque? porque você tem a gente! -  disse quanto bagunçava o topete perfeito de Zac Efrom.
- Ai ai não não, meu cabelo não, meninas! - diz ele se levantando e correndo desesperado para o quarto de novo.
Começamos a rir. 
- Sempre funciona! - diz Asha.
Ao me sentar de novo na bancada peguei minhas cartas e percebi que havia um envelope timbrado com a marca "Travel - Te levando a realização".
- O que é isso? - diz Asha.
- Não sei, tá endereçada pra cá, mas sem nome de destinatário.
- Então abre. 
Comecei abrir o envelope e me deparei uma declaração de um novo morador na república. A nossa república era um apartamento que pertencia a uma agência de intercâmbio e que pelo visto vai mandar mais um.
- O-ou. - digo.
- Que foi? - diz Asha espantada.
-  Acho que o Stuart vai ter que dividir o quarto! - digo virando a folha para Asha.
-  O que? dividir meu quarto? Isso está fora de cogitação. - diz ele aparecendo de supetão.
- É seu irmão de nação. - diz Asha.
- Brasileiro? - Digo surpresa.
- Yes baby, chega dia primeiro de Janeiro e  a  gente tem que buscar ele no aeroporto.
- Vocês tem que buscar ele no aeroporto eu tenho o concerto dia primeiro. - digo.
- Deixa eu ver isso aqui. - diz Stuart puxando o papel. - Como é que se lê esse nome aqui? - diz ele apontando para o nome no papel.
- Lucas Corrêa de Oliveira, vinte anos, brasileiro, natural de Patrocínio , Minas Gerais e Modelo. - digo lendo.
- Hétero? - diz Asha.
- Eu que sei, na carta não diz a opção sexual do cara né! - digo.
- Legal man, acabou meu sossego. - diz Stuart.
- Why? - diz Asha
- Vocês duas vão dormir com a porta fechada e de calça jeans. - diz ele dizendo com autoridade.
Rimos.
- Se for hétero vou dormir de porta fechada e com ele lá dentro, please! - diz Asha. 
- Stuart, acho que você já perdeu sua primeira aula. - digo cortando o assunto, mas era verdade.
Ele olhou no relógio e se assustou.
- Shit, Shit, Shit.. - diz ele apanhando a bolsa na mesa de centro da sala e saindo pela porta as pressas.
- Vou me arrumar, preciso chegar cedo hoje na aula. - digo.
- E eu vou dormir. - diz Asha se levantando atrás.
- Não vai na faculdade? - digo.
- Hoje não, hoje é dia de BD e preciso recarregar a bateria pra hoje. 
- Hoje? - digo tentando me lembrar do que era festa hoje.
- Hoje é quinta Katrina.
- Ai eu esqueci de reservar o...
- O Stuart já fez isso. - diz ela entrando no quarto.
Nas quintas começava os quatro dias de festa no parque central de Londres, era apresentação de vários Dj um atrás do outro, uma boate itinerante.
- As dez Katrina, as dez!
- Okay! - digo.
Entro no meu quarto e me arrumo para ir na aula. Eu fui mandada pelo colégio aos dezesseis  para Londres pra estudar na Academia de musica Clássica, minha mãe era pianista quando se casou com meu pai, mas logo depois de descobrir que estava grávida desistiu da carreira para se dedicar a mim, acho que foi o que me levou a querer estudar música e a tocar piano é como se a cada nota que eu tocava eu conseguia escutar novamente o som da voz dela cantando uma canção de ninar pra eu dormir ou ela me abraçando. A música é como se eu e ela estivemos sempre juntas.
Depois de me arrumar fui até o quarto da Asha e a acordei antes de sair de casa.
- Asha?
- Humm... - murmurou ela.
- Tô saindo, volto pela tarde.
- Okay.
- Não vomita na sala ou você vai limpar o carpete inteiro.
Maşallah, vaza daqui Katrina! - diz ela jogando um travesseiro.
-  Não.vomita.no.carpete.da.sala. - digo rindo.
- VAZA! - diz ela exaltada.
Antes de sair pego meu maço de cigarro e saio trancando a porta de casa.
Vou andando pelas ruas frias e movimentadas de Londres, eu não tinha carro nem moto nem se quer uma bicicleta pelo simples fato de não querer lembrar dos meus pais toda vez que eu entrasse em um carro, eu prefiro ir andando a pé até um ônibus, sim aqueles que o mundo inteiro idealiza aquele vermelho de dois andares, eu faço sinal e ele para. Enquanto estou lá em cima com o vento gelado congelando meu rosto pego outro cigarro e acendo, fumo até o cigarro acabar por inteiro. Em Londres ganhei muitas coisas e entre elas o vicio, eu fumo desde os dezessete anos oito cigarros por dia, isso quando eu não estou com nenhum problema ou quando não estou bebendo.
Chego no campus antes do que previsto, me sento perto da fonte e enquanto passo as partituras com os dedos tocando um piano imaginário e aumentando um dó aqui e um ré ali acendo o meu terceiro cigarro. Eu não era uma pessoa muito sociável, levando em consideração que o campus todo me conhecia mas eu só conhecia a minha turma da orquestra e também nada muito forte, mas base do "Hi!". Depois de quarenta minutos sentada na fonte encontrei o pessoal da orquestra e entrei para a sala de música para começar a ensaiar para o concerto do dia primeiro de janeiro.

(Continua...)

Comentário da Autora: 

Primeiro queria agradecer quem leu o primeiro capítulo dessa Fanfic, é um prazer imenso escrever, é uma das minhas imensas paixões ainda mais de uma pessoa incrível que é o Lucas, não é? Espero que tenham gostado, mesmo sendo aquele capítulo de apresentação de contexto e é sempre aquela coisa meio ZzzZZzzZ mas espero ver vocês aqui pelos próximos capítulos. Vamos combinar uma coisa? Vamos escrever juntos essa fanfic, todo capítulo que for postado vocês comentam aqui embaixo nos comentários o que vocês acham que vai acontecer, o que vocês querem que aconteça, o que estão achando e o que precisa melhorar até porque estamos fazendo isso á vocês!
Vamos estar juntos por um bom tempo. Beijos e até o próximo capítulo.



5 comentários:

  1. Já estou amando,li as outras duas que vc escreveu e me apaixonei,estava só esperando vc começar a escrever outra. :)

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  2. MDDDDDDDDDDDDDS ESTOU XONADA!!!! <3 Quero o proximo :D

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  3. Continua flor, sua fic é muito boa

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  4. Aii ermã ficou lindoo... Ta mais lindo do q eu imaginava .. Quero mais logoo

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  5. Ela é top demais ne. Tao minha essa Thaynara mds ♡ continua meu amor! Apxd *-* - Jady aq..

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